segunda-feira, 4 de julho de 2011

Açúcar pode viviar como cocaína?

O site da Revista Marie claire publicou uma matéria interessante sobre a ação do açúcar no organismo. Como ele nos afeta em excesso e na sua falta:

Que o açúcar não é bom para a saúde todo mundo já sabe. Mas que ele pode causar transformações cerebrais capazes de tornar seu consumo tão vicioso quanto o da cocaína ou do álcool é novidade.
Pois é isso o que têm defendido alguns especialistas norte-americanos do Brookhaven National Laboratory. De acordo com os pesquisadores do instituto, quando consumido, o açúcar estimula a liberação de dopamina na mesma parte do cérebro que é acionada em viciados em cocaína ao ingerirem ou apenas verem uma porção da droga. Juntando essa informação com a já sabida de que o consumo de guloseimas libera opióides (substâncias produzidas pelo organismo que promovem a sensação de euforia, assim como o ópio), chega-se à conclusão que a ação conjunta da dopamina com o opióide potencializa uma série de reações químicas de tal forma que elas podem acontecer cada vez que a pessoa pensa (só pensa) em comida, mesmo sem estar com fome.
E o açúcar é o principal gatilho dos opióides no cérebro. Quando privado dessa substância, seja ela vinda de drogas ou de doces, o organismo passa a reagir com variações de humor semelhantes às de uma crise de abstinência de um viciado. “Quando estamos infelizes, automaticamente sentimos desejo por algo doce. Sabemos, inconscientemente, que ele irá trazer uma sensação de bem estar. Mas é apenas a curto prazo”, diz o australiano David Gillespie, autor da série de livros "Sweet Poison" (em português, "Doce Veneno"). “Um viciado sente um alívio e um prazer enorme instantaneamente, mas, na realidade, ele está apenas fazendo com que seu corpo aja como deveria agir normalmente. Ou seja, ele não precisaria consumir o açúcar para sentir essa sensação de bem estar se não tivesse acostumado o cérebro a liberar essas substâncias apenas quando o corpo produz insulina. E não se sentiria deprimido quando privado de açúcar”, afirma.
Gillespie defende que nós não precisamos consumir açúcar além do que já vem embutido em certos alimentos, como nas frutas (frutose) e nos carboidratos (glicose). “O açúcar refinado é metade glicose, metade frutose. A glicose é aproveitada pelo nosso corpo como combustível, é o que nos dá energia, já a frutose, por sua vez, é automaticamente convertida em gordura pelo fígado”, diz. “Portanto, quanto maior a quantidade de glicose ingerida, maiores as taxas de açúcar de circulam pela corrente sanguínea, o que pode desenvolver doenças como diabetes do tipo 2, por exemplo.”
A endocrinologista Maria Edna de Melo, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) acha exagero comparar o vício em açúcar ao vício em cocaína. “Comparo mais aos efeitos do vício em cafeína, que também pode gerar crises de abstinência”, afirma. “Algumas pessoas têm maior predisposição a se viciar em açúcar, mas é a mesma variação genética que está associada ao comportamento compulsivo alimentar.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário