segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Victoza...

Há alguns posts atrás, comentei sobre o uso de novo remédio para diabéticos, que estava sendo usado para emagrecer. A matéria que foi capa da Revista Veja já teve repercurssão no mercado. O site do Uol publicou o resultado de uma promessa milagrosa que não funciona para todos:

O assunto mais comentado das últimas duas semanas foi o medicamento Liraglutida, o Victoza do laboratório farmacêutico Novo Nordisk. A reportagem bombástica, de capa, da revista Veja, “Parece um Milagre”, animou nossos pacientes mais desiludidos. Nossa caixa de mensagem ficou abarrotada, nossos antigos pacientes voltaram a ligar e marcar consulta, os estoques da medicação em todas as farmácias paulistas esgotaram. Venderam em 3 dias a quantidade programada para o mês de setembro. O mais difícil tem sido explicar, a todos eles, que não existem milagres emagrecedores.

Infelizmente, matérias como essa podem denegrir a imagem de um bom medicamento. As pessoas vão cair em si e constatarem que o milagre não aconteceu e vão chegar à conclusão de que o remédio não é bom. Na verdade, esse medicamento representa o que há de mais moderno em pesquisa de tratamento do diabetes, mas não é um bom emagrecedor. Quando comparado com os demais medicamentos que dispomos para o tratamento do diabetes, a liraglutida tem a grande vantagem de não causar ganho de peso, como ocorre com as outras drogas antidiabéticas e pode, mesmo, causar pequena perda de peso.

Para os não diabéticos, não temos nenhum estudo conclusivo com o uso da liraglutida. Os estudos que dispomos em populações livres da doença são todos pré-diabéticos, ou seja, possuem as alterações metabólicas que prenunciam a doença, e apesar de não serem diabéticos, são assim chamados porque não mais preenchem os critérios de normalidade. Estão, na verdade, a meio caminho, entre a normalidade e a doença.

Por mais que sonhamos com um medicamento que cause perda de peso sem mudanças no estilo de vida e sem empenho do paciente, nada indica que tenhamos essa maravilha tão cedo. Depoimentos de sedentários convictos contando vantagens de perdas de alguns quilos em alguns dias não significam nada frente à longa jornada que terão pela frente. Ao lerem tais declarações, nossos pacientes passam a imaginar como seria fácil para eles alcançarem o mesmo objetivo.

A lição a ser tirada de mais essa história de desinformação e enganos, é que medicamentos não podem ser discutidos de maneira tão superficial e generalizada. Além de não serem indicados para todos os pacientes, esses medicamentos são muito novos para termos uma idéia real do seu efeito potencial. Em nossa experiência, alguns pacientes chegaram a ganhar peso após o uso do Victoza durante os dois primeiros meses, com acompanhamento médico e de nutricionista. Nem por isso, podemos concluir que o medicamento cause ganho de peso.

Sabemos que o efeito placebo pode sim, operar milagres. Esse efeito ocorre em 30% das pessoas que usam um medicamento sem efeito, imaginando que ele seria poderoso. Quando o placebo é muito caro e injetável, ele tem o seu poder de mobilização ampliado. Isso pode também ocorrer com o Victoza em relação à perda de peso. Com relação ao diabetes, não há dúvidas do seu real benefício para o controle da doença.


Desde o princípio, sempre acreditei em hábitos alimentares saudáveis. O uso de remédios, mesmo que com acompanhamento médico de endocrinologistas pode não trazer os resultados que gostaríamos... pode até chegar a ter algum resultado, mas não será eterno, pois você pode desenvolver uma dependência daquele remédio ou quando resolver parar o seu uso, o resultado não se mantém sozinho.
Ainda não inventaram um milagre... então procure fazer o seu melhor ao adotar um bom método de emagrecimento.

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